Parachamas fala sobre EP Volte Sempre no site VALVULA ROCK

Publicado oficialmente em:  http://www.valvularock.com.br/entrevistas/parachamas.html
(26/07/2010)


























A Parachamas, de Blumenau, surgiu há dois anos para o cenário catarinense e logo conquistou seu espaço nos principais eventos do Estado, chamando a atenção pelo trio de metais e pela animação com que conduziam seus shows. O sucesso do primeiro EP, Bem Vindo, de 2008, confirmou a popularidade da turma entre o público local, casando uma pegada ora hardcore/ska , ora melódica, com refrões e levadas pop. Não por menos o grupo embarcou em uma van - eram pelo menos seis integrantes a cada nova formação – e rodou várias cidades de Santa Catarina, levando seu som até centros como São Paulo e Curitiba, ajudados pelo prêmio de melhor demo de 2008 no site Zona Punk, um dos mais conceituados do undreground brasileiro. Acumulando cada vez mais quilometragem, em 2009 a banda começou a registrar seu segundo EP, Volte Sempre, lançado um ano depois. E graças a esse EP, a Parachamas conseguiu se firmar no cenário barriga-verde, com uma base sólida e composições evoluídas. Por e-mail, o guitarrista/vocalista Alexandre M. falou um pouco mais sobre esse trabalho, e aponta aonde, para ele, o grupo acertou a mão em Volte Sempre. Confira abaixo:



O que vocês acham que mais evoluiu na Parachamas desde quando o grupo apareceu no cenário catarinense até chegar a esse segundo EP? Quais as referências que podem ser notadas em Volte Sempre que foram adquiridas com o tempo de estrada?
Evolução existiu em todos os pontos, de um modo geral, falando de grupo mesmo! Todos evoluíram muito desde o início da Parachamas. No meio disso tudo, posso destacar que, as vozes e os sopros foram o que mais obtiveram evolução. Sobre as referências, acho que são as mesmas que sempre tivemos, até porque quase todas as músicas do "VOLTE SEMPRE" são de 2008, ou seja, da mesma época em que lançamos o "BEM VINDO".
Falar de referência ou influência no Parachamas sempre foi complicado, existem bandas que todos ouvem muito e existem bandas ou estilos que divergem entre os integrantes, mas que são muito importantes para cada um da banda. Se for ver por mim, eu ouço pos-punk e synthpop\electro-rock enquanto o Alex fica se pirando em Jhonny Cash e outras coisas de outros gêneros (considerando que esses estilos\bandas são influências, de certa forma, no Parachamas). Tem até uma pergunta clássica que o Alex fez há tempos pra mim que foi: "Quanto tempo faz que tu não compra um cd de rock".
De forma simples, dá pra dizer que nossas influências nunca foram bandas parecidas com Parachamas e vivemos numa roda gigante de influências.

 Como vocês definiriam o som da banda hoje? Concordam que está mais voltado ao pop do que para o ska? Aonde a Parachamas pretende chegar com esse novo trabalho?
Concordamos plenamente com o rótulo pop. Estamos mais pop na questão de produção, músicas curtas e diretas. Mas no estilo, acho que ainda está bem parecido com o primeiro EP, por exemplo, considero a música "Bem Vindo" exatamente compatível com a ‘Volte Sempre” - que antes da produção tinha 7 minutos e depois foi pra menos de 4 minutos - a única diferença é a duração que cada uma tem.
Sobre o termo SKA, nunca foi a minha ideia ser uma banda de ska, talvez para quem viu e ouviu a gente com metais, logo relacionou ao estilo... mas a gente ouve ska, os skatalites por exemplo. Acho que essa relação deve ter acontecido com o Los Hermanos também ou o Paralamas do Sucesso, mas eu não sei o que essas bandas pensam sobre isso.
E onde a gente quer chegar não é a nossa maior preocupação, queremos tocar muito e mostrar para as pessoas que a música indie não precisa ser estranha ou barulhenta para ser boa. Aprendemos isso com bandas como o Teenage Fanclub, Nada Surf, etc.

Volte Sempre, além de ser o nome de uma música, faz ligação com o nome do primeiro EP, Bem Vindo. Além disso, as duas capas são muito parecidas. Qual a relação que vocês fazem entre esses dois trabalhos? Qual a mensagem que essas semelhanças querem passar?
O fato é que isso já estava premeditado desde o lançamento do Bem Vindo, lá em 2007. Já que a situação nos forçava a gravar poucas músicas, grana curta e talz, então pensamos em um jeito de deixar claro que os dois EPs são peças que se complementam.
Bem Vindo abriu muitas portas para o PARACHAMAS, e o Volte Sempre veio para manter tudo isso e, quem sabe, abrir novas portas.

No encarte está escrito que o EP foi produzido entre 2009 e 2010, totalizando mais de um ano de trabalho antes de ser lançado. Porque tanto tempo até chegar ao produto final? 
Falta de grana, já que pagamos tudo do nosso próprio bolso. E como optamos por meta lançar algo que fosse umas 20 vezes melhor que o primeiro, então não poderia ser algo rápido. Se considerar o tempo de produção das musicas, então seriam mais de 2 anos de trabalho no Volte Sempre. É fato que, na produção musical, qualidade está diretamente ligada a tempo, ou seja, grana.

Qual a importância dos dois produtores James Zoschke e Deny Bonfante no desenrolar de Volte Sempre?   
O James (Madeixas) foi o cara que ouviu a nossa pré-produção e fez os cortes nas bases e outros detalhes como letra e dicas nos arranjos, ele é o responsável por termos ficado mais "POP". Fizemos duas pré-produções com ele até bater o martelo. Acho que aqui na região quase ninguém faz isso. Garanto que valeu muito a pena, pois com pouco custo a gente já tinha muita ideia de como as musicas ficariam no final, ou seja, ali na pré-produção a música já nos agradou e caso não tivesse agradado, era só mudar ou jogar fora, como até aconteceu em alguns casos.
O Deny (Perpetual Dreams) ajudou muito na parte de captação e pós produção, gravou algumas linhas de sintetizador e participou na escolha de timbres dos samples que utilizamos. Ajudou muito também na harmonização das vozes e dos arranjos de sopro. Ele é um cara que preza muito pela qualidade nas músicas e por isso demos muito ouvido a ele.
Acho que a fórmula de ter duas pessoas para ajudar na produção foi um ponto forte no resultado final.

Sódio Surf é para o Válvula Rock a música que mais chama a atenção no EP pelo experimentalismo, linha instrumental e a produção caprichada e climática. Como surgiu essa música? Falem um pouco do trabalho de estúdio em cima dessa canção.   
Essa música foi escrita no final de 2007 e sempre teve essa identidade diferenciada das nossas outras composições. Durante a produção dessa música, a gente deixou de lado todos os padrões e conceitos estipulados para as outras faixas. Da pra ver de longe que ela vai de contra a toda a veia pop do disco, com uma duração gigante, vários samples, vocais reversos... barulheira da grossa.
Foi a mais fácil de se fazer, não tivemos nenhum medo de exagerar... bem fácil ahahaha. Pra mim, Sódio Surf é a grande revelação do disco, depois de gravada ficou com uma boa "moral" no meu conceito!


A banda lançou o EP em uma baita festa no mês passado, tocando em casa e ao lado de uma das principais bandas do rock de Blumenau, a Madeixas. Como tem sido o reconhecimento da cidade com o trabalho de vocês? E de uma maneira geral, qual a resposta do público para Volte Sempre?
 Acho que o Estado reconhece bem nosso trabalho, principalmente o pessoal mais novo. O problema é que estamos numa região fechada, sucesso aqui não significa muita coisa. E, santo de casa...
Mesmo assim nós estamos muito contentes com todo o agito que conseguimos fazer na região, de certa forma, somos uma das poucas bandas blumenauenses que representam o rock fora do Estado.
O EP Volte Sempre foi bem recebido pelo público em geral e também pela crítica! Ainda é um pouco cedo pra saber se o retorno condiz com o esperado. Mas pra gente, condiz com certeza. E independente de você gostar ou não do nosso estilo, posso garantir que o trabalho está com qualidade acima da média, isso é fato. Estamos esperando ainda críticas e sabemos muitas serão positivas e outras tantas serão negativas... ...já estamos acostumados! Afinal, críticas bem fundamentadas ajudam muito no aprimoramento.

Ao contrário da grande maioria das bandas independentes, que lançam seus trabalhos primeiro no meio virtual para posteriormente (se possível) lançar no formato físico, a Parachamas optou por lançar o CD de encarte e manter algumas músicas fora da internet. Porque essa opção? Qual resultado dessa estratégia a banda tem percebido até agora?
Acho que não dá pra considerar isso uma estratégia. A idéia mesmo foi só fazer com que as pessoas adquirissem o disco e ouvissem tudo de uma vez, na net geralmente as pessoas ouvem uma ou outra musica, na ordem que eles querem. Acho melhor ser julgado pelo todo e não somente por uma música.
Aos poucos nós iremos disponibilizar tudo nos sites... não há razão hoje em dia pra isso ser diferente.

Trabalhar com uma banda com pelo menos seis integrantes já não é uma tarefa fácil, e constantemente o grupo tem que conviver com a troca de uma ou outra peça. Ainda assim a Parachamas é uma das bandas mais requisitadas no Estado para shows em várias regiões. Como lidar com essas mudanças de integrantes? Alguma fórmula pra manter o som da banda homogêneo e não perder o foco?
 Realmente é bem complexo. Apesar de todas as mudanças, o núcleo da banda nunca foi alterado, por isso que a gente resiste ao longo desse tempo. Desde sempre as composições e vocais são todos meus (Alexandre M), então torna-se mais dificil de perder a identidade. Desde sempre o Alex foi envolvido com outras questões da banda e isso ajuda a manter o foco, ele tem muita responsabilidade em mãos. O Beto tocaria um trombone mesmo se estivesse dormindo... acho até que ele ensaia dormindo as vezes.
Os integrantes que passaram pelo Parachamas eram apenas músicos que recebiam arranjos feitos, então quando saíram, não levaram nada embora. Atualmente o Boka voltou a tocar baixo com a gente, ele faz muita diferença com a gente, foi ele quem gravou os baixos do EP Volte Sempre e inclusive ajudou muito nos vocais, considero ele importante pra proposta atual da banda. Hoje, sinto que chegamos na formação ideal, àquela que vai perdurar por bastante tempo e conseguir mostrar muito mais, pois temos muita coisa ainda pra mostrar a todos!

A Parachamas tem tocado bastante em várias cidades de Santa Catarina. Como vocês avaliam a estrutura do cenário catarinense hoje?
Particularmente já estou na cena há mais de 10 anos. Já vi vários bares abrirem e fecharem. Normal. O que vejo agora é uma demanda maior de público, e com isso, vejo uma melhora considerável. Já passamos por várias cidades de SC e nos surpreendemos muito com as estruturas dos bares de cidades como São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Urussanga, Rio do Sul, Criciúma, e outras... Perceba que não são cidades do porte de Floripa, Joinville ou Blumenau. Santa Catarina não é o Estado para uma banda viver de musica, mas pra começar uma banda e conseguir tocar nos primeiros anos, já está bem legal.
Outra coisa que eu percebo hoje em dia é que o pessoal está mais eclético (graças ao mp3), isso ajudou muito quando falamos de rock independente.

     Gostaria de agradecer a toda equipe do Válvula Rock, que já acompanha e apóia o Parachamas desde o início! Quero agradecer também a todos os leitores, em especial nossos fans e amigos, e dizer que estamos sempre por aih, prontos para tocar ou trocar uma simples ideia. Por favor, entrem em contato: parachamas@gmail.com
Abraços a todos!



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Banda blumenauense(SC) de rock alternativo que tem como principais estilos o powerpop e o ska.
MySpace: www.myspace.com/parachamas
Email: parachamas@gmail.com

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